quinta-feira, 7 de abril de 2011

Melhor lutadora do mundo, Cris Cyborg não tem rivais para voltar aos ringues

TRANSCRIÇÃO DE ARTIGO:
Esther Lin/Strikeforce/Divulgação
 
 
"Cristiane Santos tem só 25 anos, é a mais famosa lutadora de MMA do mundo e passa por um momento difícil na carreira. Não, não está machucada, nem lida com a derrota. Cris Cyborg simplesmente não encontra adversárias que queiram enfrentá-la dentro do ringue. “Fico chateada por não conseguir lutar. É meu trabalho, vivo disso”, disse a paranaense ao UOL Esporte.
O motivo da escassez de rivais é simples: o nível de Cyborg é muito mais alto que a maioria das mulheres no MMA. Nas últimas lutas, atropelou as adversárias. Já são dez vitórias seguidas, oito por nocaute. E só uma derrota, justamente sua estreia no esporte.

BRASILEIRA RAINHA DO MMA FEMININO

  • Divulgação Nascida em 9 de julho de 1985, Cristiane Santos virou Cyborg quando entrou no MMA e ganhou a fama como a melhor lutadora entre as mulheres
  • O auge veio em 2009, quando conquistou o cinturão do Strikeforce, maior torneio de MMA do mundo que já conta com disputa entre mulheres, ao vencer a musa norte-americana Gina Carano.
Longe dos ringues desde junho, quando venceu Jan Finney na defesa de seu cinturão do Strikeforce – conquistado em 2009 com o nocaute sobre a musa Gina Carano no torneio que agora é transmitido no Brasil pelo canal Space – Cyborg treina para seguir motivada. O desafio? Continuar inspirando novas lutadoras a entrarem no MMA.
“Quero lutar cada vez melhor, pois sei da minha responsabilidade de representar as mulheres. Sei que fazendo boas lutas, mais mulheres vão começar a treinar, vão se espelhar em mim”, explicou Cristiane Santos, uma verdadeira embaixadora do esporte entre as mulheres.
Em entrevista ao UOL Esporte, a campeã falou sobre preconceito com o MMA feminino, a expansão do esporte entre as mulheres e como foi posar nua ao lado de seu marido, o também lutador Evangelista Cyborg. Confira.
UOL Esporte - Como está sua expectativa de voltar a lutar? Alguma previsão?
Cris Cyborg - Não tenho nada marcado. Estava esperado voltar em dezembro, mas parece que será em janeiro. Fiz minha última luta em junho, mas estão com dificuldade para encontrar uma nova rival.
Mas como fica sua preparação?
O evento tem de correr atrás disso para mim, estou apenas me preparando para lutar. Tenho certeza que eles vão achar algo interessante. Mesmo quando não tenho rivais, mantenho a motivação nos treinos.
E essa não é a primeira vez que você sofre com isso...
Quando comecei a lutar profissionalmente, cheguei a ficar dois anos sem lutar porque não tinha rivais, até conseguir uma chance de lutar aqui nos EUA. Lógico que, como atleta, é difícil essa situação, para buscar motivação para seguir evoluindo. Fico chateada um pouco por não conseguir lutar, é meu trabalho, vivo disso, mas o evento está se esforçando para eu voltar.
Seu contrato com o Strikeforce ainda está vigente?
Fiz um contrato de três lutas, que já foram, mas tem uma clausula que tenho de ficar no torneio por mais um ano se estiver com o cinturão. Mas a ideia é renovar.
Como você vê o momento do MMA feminino nos EUA e no Brasil?
Aqui nos EUA já é muito grande e no Brasil está crescendo, vários eventos já estão com lutas femininas. O Strikeforce está dando uma grande oportunidade para as mulheres, acreditando que podemos fazer boas lutas, com muita técnica. Dois meses atrás teve um GP feminino também. Acredito que cada vez mais as mulheres vão poder mostrar seu trabalho no MMA.
  • "Ligaram para um rapaz que trabalha comigo perguntando se queríamos posar para uma revista, mas avisou o que seria pelado. Disse que falaria com o Cyborg e acabamos aceitando. Tinha vários outros atletas e ficamos felizes por termos sido os primeiros do MMA a participar" - Cris Cyborg, sobre ter posado nua com seu marido para a revista ESPN
Mas você acredita que o preconceito já acabou?
Isso melhorou muito. Sinto que diminuiu bastante o preconceito. As pessoas estão nos respeitando cada vez mais dentro do esporte. Mês passado fui a um evento em prol ao combate contra o câncer de mama com 14 lutas femininas, 28 mulheres lutando. Fiquei muito impressionada com isso.
Você acha que ainda falta outros eventos investirem?
Acho que o Strikeforce está investindo certo. Muitas das lutas entre os homens estão comuns, então eles estão fazendo a diferença levando lutas femininas para o público do MMA. Mas ainda falta outros torneios acreditarem mais, largarem o preconceito.
Nesse processo, você se vê como uma embaixadora do MMA feminino?
Quero lutar cada vez melhor, pois sei da minha responsabilidade de representar as mulheres. Sei que fazendo boas lutas, mais mulheres vão começar a treinar, vão querer se espelhar em mim. Estamos vendo cada vez mais atletas, fazendo grandes lutas e aproveitando as portas que eu abri.
Como é para você ter também um marido lutador?
No Brasil, nem treinávamos tanto junto, mas agora, aqui nos EUA, ficamos 24 horas juntos. Ele me passa treinos, me ajuda a buscar motivação. Além disso, ele sabe o que eu passo. Como lutadores, sabemos o tempo que cada um de nós precisa.
Uma curiosidade para terminar: como foi posar nua com o Evangelista?
Foi muito engraçado. Ligaram para um rapaz que trabalha comigo perguntando se queríamos posar para uma revista, mas avisou o que seria pelado. Disse que falaria com o Cyborg e acabamos aceitando. Tinha vários outros atletas e ficamos felizes por termos sido os primeiros do MMA a participar. Depois na festa estava todo mundo lá e vimos o reconhecimento do esporte no meio de tanta gente boa."

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